Mulher de 37 anos foi assassinada nesta quinta-feira (25) por João Honório da Silva, que morreu em frente à PEL 1; cidade registra três tentativas esse ano
Cecília França
Foto: Maria de Fátima em entrevista à Rede Massa em 2017/Reprodução Rede Massa
Um crime chocante mobilizou Londrina nesta quinta-feira (25): o feminicídio de Maria de Fátima, de 37 anos, seguido da morte do feminicida, seu marido, João Honório da Silva, 39, em frente à Penitenciária Estadual de Londrina 1 (PEL 1) em circunstâncias ainda não esclarecidas. Maria de Fátima foi morta com golpes de faca e tiros dentro de casa, no Jardim Tarobá. Trata-se do primeiro feminicídio consumado na cidade em 2023.
A Polícia Civil apurou que Maria de Fátima buscava a separação de João Honório. Não haviam denúncias anteriores de violência nem pedido de medida protetiva. O casal deixou um filho de 14 anos.
À Lume, a delegada responsável pelo caso, Lívia Pini, confirma que a mulher sofreu golpes com faca e levou tiros, mas somente a perícia dirá quais ferimentos atingiram regiões vitais. Sobre a morte de João Honório, diz ser possível afirmar que havia ferimentos tanto de faca quanto tiros, mas restam dúvidas.
“Tinha tiros em membros inferiores, mas não dá para afirmar que foi só em membros inferiores, tem que esperar a perícia também”, explica. Vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que o homem se aproxima de agentes da SOE (Setor de Operações Especiais) da Polícia Penal, em frente à PEL 1. Ouve-se som de tiros e ele cai.

Londrina já registra três feminicídios tentados
Maria de Fátima foi a primeira vítima de feminicídio consumado em Londrina em 2023, que já registrou, ao menos, outras três tentativas. No dia 9 de maio, a influenciadora digital Daniele Gonçalves, de 32 anos, foi atacada pelo ex-companheiro Gabriel de Faveri com golpes de facão. Ele foi indiciado por tentativa de feminicídio e permanece preso em Pinhais.
Outro caso de muita repercussão ocorreu no dia 2 de março, quando uma mulher foi agredida pelo ex-companheiro, com chutes e socos, em um posto de combustível próximo à Ceasa. A agressão foi captada por câmeras de segurança e, na época, a polícia afirmou que o caso possivelmente seria tratado como tentativa de feminicídio.
Um terceiro caso foi divulgado pela própria Guarda Municipal e ocorreu no dia 12 de abril. O funcionário da Unidade Básica de Saúde do Novo Amparo acionou a Patrulha Maria da Penha após uma mulher procurar atendimento. Ela havia sido ferida com golpes de faca pelo ex-companheiro, que invadiu sua casa enquanto ela dormia. O agressor foi preso em flagrante.
A reportagem busca atualização sobre os casos junto à Polícia Civil.
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Sentimento de posse motiva feminicídios
Néias-Observatório de Feminicídios Londrina emitiu nota sobre a morte de Maria de Fátima nesta sexta-feira e ressalta as circunstâncias do feminicídio como um reflexo do sentimento de posse do homem sobre a mulher.
“O feminicídio de Maria de Fátima pode ter ocorrido no momento em que ela pedia o divórcio. Esta é a linha de investigação apresentada ainda ontem pela Polícia Civil. Não seria incomum. Desde sua criação, há 2 anos, Néias acompanha os julgamentos de feminicídios na Comarca e constata que a imensa maioria dos casos ocorre quando a mulher manifesta o desejo de ou põe fim ao relacionamento.”, destaca a associação.
Para Néias, a morte de Maria de Fátima e a sequência trágica de acontecimentos que a sucederam nos levam a diversos questionamentos como sociedade. “Falhamos no enfrentamento das estruturas que levam a essas violências.”, concluem. E reiteram: “Parem de nos matar!”.
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